Johnny Coração de Vidro (1962)
De: Koreyoshi Kurahara Género: Acção, Crime 1962 | 106′ | Japão M/14
Sinopse: Mifune, uma jovem fugitiva do traficante de escravos Akimoto, afeiçoa-se pelo seu salvador Joe, que a trata com distância. Perseguindo-se um ao outro, eles viajam de local em local no norte inóspito de Hokkaido enquanto Mifune se envolve num triângulo com Joe e Akimoto. Ela, enfim, chega à praia da sua cidade natal, Wakkanai, onde outrora ouvira uma canção de um poeta, “Johnny Coração de Vidro”, e caminha em direcção ao mar clamando por Johnny, seu salvador fantasmático.
Posicionamento: Sob as roupagens do típico filme de acção do estúdio Nikkatsu, “Johnny Coração de Vidro” subverte as expectativas ao encenar um drama de despedidas em que as personagens estão condenadas a sofrer pelas próprias quimeras vãs, resultado de também quererem lutar contra a miséria social que as circunda. Levemente inspirado em “A Estrada” de Federico Fellini, mas nunca parodiando, plagiando ou citando em demasia a fonte, este filme quase todo rodado em exteriores, nas sumptuosas e selvagens paisagens litorais de Hokkaido, é também um drama sobre uma mulher em fuga e salvadores masculinos que renegam esse estatuto até às últimas consequências. Koreyoshi Kurahara, autor de diversos filmes noir (alguns com certa presença no formato DVD) trabalha aqui uma das suas produções tecnicamente mais aprumadas e injustamente desconhecidas. Será importante realçar um dos primeiros papéis enquanto protagonista do galã Jô Shishido e a transfiguração total da actriz Izumi Ashikawa, várias vezes conotada com a discrição e elegância japonesas e aqui infectantemente intensa e passional. (Texto de Miguel Patrício)
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Johnny Coração de Vidro (1962)